Depois de passar por Curitiba e Ribeirão Preto, tendo tempo para finalmente conhecer o país nos dias de folga, a banda de metal fechou o ciclo de divulgação do disco Hunter Gatherer (2020) conquistando novos fãs entre a plateia da Donzela de Ferro, que se viu hipnotizada pelo circo do metal armado no palco.
No show em São Paulo, a banda subiu ao palco pontualmente às 18h45. Ou melhor: a banda começou a surgir nesse horário, com o baterista John Alfredsson sendo o primeiro a entrar em cena com um aceno cômico para o público, dando o tom de teatralidade irreverente que define bem o diferencial da performance do Avatar. Os guitarristas Jonas Jarlsby e Tim Öhrström chegaram com Henrik Sandelin, baixista apaixonado pelo Brasil há anos, e começaram a tocar, mas apenas para congelarem como estátuas para a chegada de Johannes Eckerström no palco.
Todos vestem uma espécie de uniforme preto e vermelho, mas o vocalista é o rosto absoluto e bizarro da banda. Alto, de cabelos negros e olhos extremamente azuis, Johannnes encarna um palhaço perturbador e cativante que comanda o show com desenvoltura, bpm humor e uma dose significante de terror na forma escancarada de sorrir e cantar sobre o apocalipse, transitando dos vocais graves e extremos às regiões agudas com a facilidade de quem está apenas brincando.
Curiosamente, apesar de não ser possível perceber isso no show, a oportunidade de estar em turnê com o Iron Maiden colocou à prova os nervos da banda depois de 20 anos de carreira e oito álbuns. Em entrevista ao Wikimetal, Johannes falou sobre como “faz sentido” terem conquistado esse lugar, apesar de ser curioso que tenha acontecido justamente no Brasil.
“O primeiro show [em Curitiba] foi muito particular porque eu nunca estive nervoso de verdade para um show do Avatar antes. Sempre fui muito confiante com a banda, mas agora com o Iron Maiden, meu jovem interior de 15 anos – e todos os nossos jovens interiores de 15 anos – viajaram conosco e estavam lá e eles nunca fizeram turnês, nem tocaram em festivais ou gravaram álbuns, mas estavam presentes ali conosco. Nós estávamos tremendo”, contou. “Aquele dia foi muito emocionante. [O show em Ribeirão Preto] foi tão bom quanto, talvez melhor porque estávamos mais controlados, mais ajustados”.
De volta ao show, assim que todos estão no palco, a música começa com a agressividade de “Hail The Apocalypse” e todos os músicos batendo cabeça ao mesmo tempo, em um ritmo coreografado e de efeito visual hipnótico, criando um verdadeiro show de horrores do metal no Estádio do Morumbi. Ao falar com a plateia pela primeira vez, Johannes convoca “os excluídos, as aberrações, os erros e abortos da natureza” para celebrar naquela noite fria, que poderia ser aquecida pela ferocidade da música.
O teatro bizarro do Avatar, protagonizado pelos cinco músicos maquiados, não brilha mais do que a música. Pelo contrário, assim como no show espetacular da Donzela de Ferro, uma influência fundamental dos suecos, toda a estética da banda consegue completar a experiência do show violento e mágico. “Pra gente, sempre foi muito importante apenas espancar nossos instrumentos e a nós mesmos enquanto tocamos. É uma música física. Na nossa opinião, a intensidade física está no cerne. Não consigo achar que é metal sem algum nível disso”, pontuou o frontman, explicando bem o quanto a banda valoriza se entregar totalmente à performance.
Mesmo sem os telões para transmitir o show, a banda conseguiu uma boa reação do público, que atendeu os chamados para erguer os punhos, gritar e completar o nome da música “Smells Like a Freakshow” com gritos. Nas redes sociais, diversos novos fãs se mostraram convencidos pela performance da banda nas três cidades por onde passaram e, sem dúvidas, não vai demorar para que o Avatar possa retornar ao país para shows próprios para que possam cumprir a promessa deixada de que o Brasil os verá novamente.
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