sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Fall Out Boy : Se reinventa, se perde, mas acaba encontrando o caminho em novo álbum



“Nenhuma das bandas emo se metia com a gente. Nos odiavam. Se recusavam a fazer turnê conosco", lembra Patrick Stump sobre o auge do emo.

Em julho deste ano, Patrick Stump estava ouvindo o sétimo álbum do Fall Out Boy, Mania, que àquela altura estava quase pronto, quando percebeu que havia um grande problema: não era muito bom. “Isso me assustou”, diz o cantor. “Fiquei, tipo, ‘Eu não acho que nós quatro vamos gostar, não acho que o selo vá gostar. Não soa como o Fall Out Boy. Oh, Deus, não posso entregar isso’.” Stump conversou com o baixista, Pete Wentz, que achava a mesma coisa, e juntos decidiram empurrar o álbum para janeiro, mesmo já tendo se comprometido com uma turnê pelos Estados Unidos para divulgar o disco no fim de 2017.

Esse episódio foi a primeira grande crise que o Fall Out Boy teve que enfrentar desde 2013, quando, após quatro anos com a banda parada, eles voltaram a lançar grandes sucessos radiofônicos, como “My Songs Know What You Did in the Dark” e “Centuries”. Mas os singles iniciais de Mania, “Young and Menace”, com um sabor de EDM, e “Champion”, com uma vibe do FOB de antigamente, não conseguiram nem mesmo uma posição na parada das 100 mais tocadas.

“As músicas estavam tentando agradar a todos, mas não eram atraentes para ninguém”, diz Wentz sobre as faixas eliminadas do álbum. “Era como um sanduíche sem recheio. Sem mostarda nem nada.” Se a pressão de refazer a maior parte de um disco enquanto se preparavam para uma turnê causou qualquer tipo de estresse ou conflito entre os integrantes, isso certamente não é aparente nos bastidores da Arena EagleBank, em Fairfax, na Virgínia. Jogando conversa fora depois de uma passagem de som, eles debatem Stranger Things 2 e Wentz defende o muito criticado O Exterminador do Futuro: A Salvação, além de levantar a hipótese de que o personagem de Adam Driver pode acabar se tornando um sujeito do bem em Star Wars: Os Últimos Jedi.

Em agosto, a banda voltou ao estúdio com o produtor Illangelo – mais conhecido pelo trabalho com Lady Gaga, Drake e The Weeknd – e decidiu recomeçar do zero. O intensivão de composição, que aconteceu no estúdio de Stump, em Burbank, na Califórnia, funcionou, e deu frutos como “Hold Me Tight or Don’t”, com influência de trap, e “Expensive Mistakes”. As músicas fazem sucesso no show esgotado daquela noite em Fairfax, onde a multidão canta cada palavra de sucessos antigos como “Dance, Dance”, “This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race” e “Sugar, We’re Goin Down”. A turnê coincide com uma renovação no interesse pela cena emo dos anos 1990 e início dos anos 2000, com bandas como Brand New e Say Anything tocando para grandes multidões mais uma vez. Apesar de essas bandas terem sido seus pares no início, o Fall Out Boy se vê como uma entidade à parte. “Nenhuma das bandas emo se metia com a gente”, diz Stump. “Nos odiavam. Se recusavam a fazer turnê conosco.” Joe Trohman, guitarrista, complementa: “Vou parecer um babaca, mas ainda somos uma banda e ainda estamos lançando discos – não estamos em uma turnê de aniversário de 10 anos. Continuamos na ativa. Isso não é uma coisa fácil de conquistar”.

Antes da turnê norte-americana de Mania, em 2018, a banda fez o circuito Jingle Ball, tocando nos mesmos shows que Taylor Swift, Ed Sheeran e Camila Cabello. Em todos os casos, o Fall Out Boy é o grupo mais velho da escalação – e a única banda de rock. “Quando fazemos esse tipo de evento, sentimos que somos tipo o Slayer “, diz Wentz. “E quando fazemos eventos de rock moderno somos a banda pop. É um pouco estranho.”

Stump admite que, mesmo depois de todo o trabalho investido, ele não se importará se a versão retrabalhada de Mania não for bem nas rádios: “Preciso de outro sucesso na minha vida? Eu realmente não me importo. O único motivo para lançar um álbum é se ele for bom de verdade. E, uma vez que você passa do estágio da sua carreira no qual você quer sucessos nas rádios, isso se torna ainda mais importante”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário